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Além do abismo?

   A constante curiosidade sobre aquilo que não conhecemos e que, muitas vezes, não está ao nosso alcance é um dos grandes atributos do ser humano. Muitas vezes, voltamos a nossa atenção para aquilo que não conhecemos fora do Planeta Terra… existirão extraterrestres? Existirá vida a milhares de anos-luz de nós?

  O mais caricato é que na maioria das vezes nem sequer refletimos sobre o facto de que poucas são as espécies e a vida que conhecemos no nosso próprio Planeta e o quão entusiasmante pode ser a sua descoberta. 

  Os maiores mistérios do nosso Planeta vivem nos nossos infindáveis oceanos, que durante muitos anos continuaram um enigma, na ausência de meios para os explorar. Apesar do desenvolvimento da ciência e do crescente investimento nesta procura, os oceanos ainda estão subexplorados. Fará sentido passarmos mais tempo com a exploração espacial do que voltar o nosso foco para algo que se encontra tão perto de nós? A resposta certamente variará dependendo a quem a colocamos.

  Na sexta-feira de 5 de março do presente ano, Hamish Harding e Victor Vescovo fizeram a descida da zona mais profunda da Fossa das Marianas, cerca de 11 km, no submarino Limiting Factor, este que é um dos poucos veículos com tripulação que consegue fazer viagens repetidas até uma profundidade tão alta. A viagem durou cerca de 12 horas, tendo em conta que 4 horas e meia foram passadas a percorrer 4 km ao longo do leito marinho. Enquanto o faziam, o braço da sonda recolheu isópodes que se pensam ser uma espécie de crustáceos desconhecida. Tal como esta, haverá provavelmente outros milhões.

   Sabes de que forma as alterações climáticas poderão interferir com a evolução marinha? 

  A zona mesopelágica, ou também designada twilight zone, que se situa entre os 200 metros e os 1000 metros de profundidade, é uma zona pouco conhecida e acredita-se que a vida que ali surgiu deve-se ao arrefecimento das águas do oceano. Os diferentes tipos de vida nesta zona dependem de partículas orgânicas que provêm da superfície, os cientistas afirmam que temperaturas inferiores possibilitam uma maior e melhor conservação desta que é a principal fonte de alimento destes seres vivos. Desta forma, ao longo destes milhões de anos, a biodiversidade nestas zonas e até em zonas mais profundas aumentou significativamente, e neste momento, devido às alterações climáticas e ao aquecimento gradual das águas dos oceanos como consequência, a vida destes seres vivos está comprometida.

   Para terminar, e porque a vida marinha é tão impressionante, que também nos inspira. Os biólogos já sabem há muito tempo que as focas e os leões marinhos têm métodos muito diferentes e específicos para nadar, a razão por trás dos mesmos ainda é desconhecida. No entanto, a sua elegância a nadar está a inspirar e a ajudar na otimização de veículos subaquáticos, melhorando a sua velocidade, capacidade de manobra e eficiência energética.

Inês Fernandes

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