Diferente, reivindicativa e atual. Esta é a melhor forma de descrever a rubrica “Desconcertos”. Prometemos trazer à conversa os tópicos mais atuais e esmiuçar os mais polémicos, sempre com uma visão desafiante, provocativa e honesta. A discussão prevê-se intensa, parcial e, quem sabe, promotora da mudança de mentalidades. Porque aqui, é mesmo para ficares (des)concertado!
BEM VINDOS AO CIRCO
No MICF damos o nosso melhor, somos multitaskers em situações limite desafiando prazos e avaliações laboratoriais com protocolos extensos a serem decorados e debitados. Para acrescentar à festa, somos contemplados com um calendário de exames, que, além de surgir tarde e a más horas, vem desiludir ainda mais o número reduzido de alunos que ainda tem uma réstia de esperança. Passamos horas debruçados sobre artigos, protocolos e livros com o intuito de realizar e preparar apresentações fora de exceção. Tudo para muitas vezes sermos crucificados em praça pública por não fazermos bem algo que nunca nos ensinaram a fazer, apesar de pensarem o contrário. A crítica dizem que é em nome do nosso futuro e sucesso. Será apenas isso?
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ALABAMA: UM CASO PERDIDO.
Eu costumo dizer que adoro viver em Portugal no século XXI. Faço parte da geração que ainda brincou na rua, que assistiu à revolução tecnológica e que nunca viu a opressão à sua liberdade. Sou mulher e não me foi privado o acesso ao ensino superior. Tive uma educação que me incentivou a dar sempre o melhor de mim apesar de viver numa sociedade tradicionalmente machista e cresci com espaço para criar as minhas próprias opiniões.
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TEMPO
Tempo, um conceito de certa forma abstrato que o Homem sempre procurou contabilizar. O tempo está completamente enraizado nos nossos dias, tão profundamente que é praticamente impossível retirá-lo das nossas rotinas e das nossas mentes. Temos compromissos, prazos estabelecidos e o relógio e o mundo continuam indiferentes aos mesmos, mantendo cadência monótona e previsível que os caracteriza.
A faculdade, apesar de muitas vezes alheia ao mundo real em certos parâmetros, não é exceção à regra. Os semestres, apesar dos seus inícios relativamente suaves, rapidamente se tornam em bolas de neve de trabalhos e avaliações prontas a abalroar mesmo o indivíduo mais preparado. Há prazos de entrega e de apresentação de mil e um trabalhos de grupo e com eles a dificuldade de, na presença de horários completamente dispares, encontrar um horário que seja conveniente a todos.
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CASA.
E, como se tempo nenhum tivesse passado, já estamos novamente nesta semana. Desde o primeiro momento em que pisei o chão desta faculdade, alguma voz já vinha a alertar sobre a durabilidade desta história que estamos a viver. Tantas vezes ouvi a mesma frase e nunca acreditei nela. Ninguém realmente crê genuinamente que cinco anos podem passar sem darmos conta. E, agora, vejo-me na primeira pessoa prestes a testemunhar (pela terceira vez) esta semana – incrédula, sem qualquer explicação que se alinhe a um sentido. Hoje, percebo que aquela afirmação não é, de todo, hiperbolizada – aliás, quem dera que fosse.
CORAGEM
Nos últimos tempos, muito se tem falado da farmácia enquanto espaço da saúde e do farmacêutico enquanto promotor e defensor da mesma. A profissão, tão antiga quanto a Humanidade, percorre o carrossel do tempo ao sabor do vento experimentando momentos gloriosos pautados por novas descobertas e duros dissabores fruto das tendências sociais e flutuações económicas. O farmacêutico persiste, modelado pela experiência do ofício e pronto a responder às necessidades do mundo moderno. É especialista do medicamento, está na vanguarda da tecnologia, quer e acima de tudo possui as capacidades teóricas e técnicas para revolucionar o setor.
Após uma rápida e séria consideração a conclusão é inevitável: o valor do farmacêutico, apesar de praticamente impossível de estimar é inquestionavelmente imprescindível. O impacto deste setor na saúde da população é inegável não só em termos de anos de vida ganhos, mas acima de tudo na qualidade dos mesmos. Além disso, e numa perspetiva mais económica, a intervenção do farmacêutico principalmente no que diz respeito à vertente comunitária permite a poupança de recursos em saúde, permitindo mitigar a crescente despesa do setor que, ao longo dos últimos anos, apresenta um valor cada vez mais significativo.
A PROFISSÃO FARMACÊUTICA
A Profissão Farmacêutica: uma coletânea de reflexões a reter para o futuro.
No passado dia 10 de abril, tive a oportunidade de marcar presença no XXIII Fórum Farmacêutico, promovido pela AEFFUP. Este tipo de eventos dá-nos a oportunidade de conhecer melhor o que nos espera no futuro e, neste em concreto, tive a sorte de assistir a
uma das melhores e mais elucidativas intervenções de sempre. Não pensei retirar mais do que as conclusões óbvias na Conferência “O Serviço Nacional de Saúde e as Farmácias Comunitárias: Passado, Presente e Futuro” ministrada pelo atual presidente da Direção da
ANF, Paulo Cleto Duarte, e talvez essa suposição inicial tenha sido uma das minhas mais erradas intuições. É indiscutível o dom extraordinário para a comunicação que lhe é inerente –
o de saber abordar assuntos complexos e tornar possível de os fazer chegar ao entendimento de qualquer um e, em adição, fazer-me relembrar o porquê de me ter apaixonado pela
profissão farmacêutica.
O QUE QUERES SER QUANDO FORES GRANDE?
Nascemos, surgimos neste mundo sem pedir , indefesos e incapazes de realizar tarefas que enquanto adultos achamos demasiadamente simples e evidentes. Pouco a pouco evoluimos, aprendemos a andar, a verbalizar, a construir pensamentos com complexidade
crescente. Acima de tudo começamos a sonhar, a idealizar planos e cenários infinitos. Para uma criança tudo é possível, não existem limites nem obstáculos capazes de impedir a
realização de um sonho.
E A CULPA É DE QUEM?
(...) 6 - imputação de um ato ilícito ao seu autor, inculpação.culpa in Dicionário infopédia da Língua Portuguesa. Porto: Porto Editora, 2003-2019.
Desde muito cedo que todos nós contactamos com o poder da culpa. Primeiro, percebemos que
não é bom quando esta se assola sobre nós e, mais tarde, que é muito melhor quando podemos
ser os detentores da decisão de a atribuir. A necessidade forte de apontar o dedo é algo que nos é,
infelizmente, intrínseco. Aprendemos a fazê-lo ainda antes de dar os primeiros passos, assim que a
nossa perceção se dá conta de que existem momentos em que precisamos de uma escapatória.
(...)
O início
"Há três anos, quando passei pela primeira vez os portões do complexo, nunca pensei que o
que viveria para além deles se pudesse afastar daquilo que eu tinha cuidadosamente
planeado. Passá-los significou tanto para mim. Uma nova etapa, uma nova oportunidade para
viver algo diferente. Dizer que tinha tudo absolutamente alinhado na minha cabeça, milímetro
por milímetro, não é exagero. O raciocínio fazia do perfeito um conceito simples. (...)"
Esperança
Vamos defender as Farmácias Comunitárias?
Aquilo que se sente numa farmácia comunitária é, em grande parte, sobre o que
nunca se aprenderá no MICF. É sobre amor a uma profissão e ter a responsabilidade de
estar na linha da frente no que diz respeito à saúde de todos os portugueses.
Texto: Ana Brites.