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CANÁBIS MEDICINAL

No ano passado, o Parlamento aprovou a legalização do uso de produtos feitos à base de Canábis
para fins medicinais. No entanto, a legislação não prevê o uso terapêutico da planta, mas apenas dos seus preparados. Obviamente que, a aprovação da comercialização desses preparados terá de ser feita pelo Infarmed, o que já nos pode suscitar a ideia de “segurança”, uma vez que o Infarmed, por norma, é uma conhecida entidade que coloca verdadeiras exigências à comercialização de
produtos farmacêuticos. O mesmo já não se pode dizer sobre o DGAV (Direção-Geral de Alimentação e Veterinária) em relação, por exemplo, aos suplementos alimentares, mas isso já é uma história para outra altura.
O mecanismo de ação da principal substância ativa da Canábis, o tetrahidrocanabinol (THC), consiste
em atuar no sistema de recetores opióides endógenos, excitando-os, o que resulta no envio de sinais aos recetores dopaminérgicos do sistema límbico, resultando numa maior libertação de dopamina.
Este processo, para além de todos os efeitos que irei descrever abaixo, também provoca adição.
As 7 indicações terapêuticas da Canábis já oficializadas pelo Infarmed são: espasticidade associada à
esclerose múltipla, náuseas e vómitos associado à quimioterapia e radioterapia, estimulação do apetite, dor crónica (associada a doenças oncológicas), Síndrome de Gilles de la Tourette, epilepsia e glaucoma resistente à terapêutica. Bem, como é notório, a Canábis pode ser usada para tratar ou coadjuvar no tratamento de uma panóplia de patologias que são bastante graves.
Agora, porque nem tudo é positivo, o consumo de canábis também pode acarretar malefícios. O THC
é a substância responsável pelos efeitos psíquicos do fármaco no organismo, sendo que é bastante
lipossolúvel. Alguns efeitos a curto prazo são: aumento da frequência cardíaca, boca seca, relaxamento muscular, alteração da perceção, euforia, paranoia, ansiedade, sensação aumentada, etc. Já os efeitos de um uso crónico são mais graves ainda e incluem: psicoses, surtos psicóticos,
perda de memória, problemas na coordenação motora, depressão, cancro, disfunção sexual, etc.
A grande questão que se coloca é: é assim tão pertinente comercializar estes preparados à base de
canábis tendo em conta todos os seus efeitos negativos no organismo? A balança está assim tanto
para o lado positivo? Estes preparados farão uma diferença tal na terapêutica destas doenças que justifique a sua comercialização (tendo em contas os seus aspetos negativos)? Como é que se avalia uma coisa destas?
As opiniões sobre esta temática são muito controversas, uma vez que há especialistas que apoiam esta comercialização e há outros que acham que a canábis nunca deveria ser tornada num medicamento.
Mais importante ainda: como será feito o controlo da comercialização deste fármaco? Quem poderá aviar as receitas e em que casos? É porque, se este tipo de fármacos estiver nas farmácias não me admirava nada que os assaltos às mesmas aumentassem, tal como acontece às vezes com os
xaropes de codeína (e não só) que lá são comercializados. Para os futuros eventuais utilizadores destes preparados, façam um uso responsável do medicamento respeitando a posologia e a importante máxima de não os aconselhar/dar a outras pessoas.

Texto: Sofia Pinheiro

Canábis Medicinal: Sobre
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