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CORAGEM

Nos últimos tempos, muito se tem falado da farmácia enquanto espaço da saúde e do farmacêutico enquanto promotor e defensor da mesma. A profissão, tão antiga quanto a Humanidade, percorre o carrossel do tempo ao sabor do vento experimentando momentos gloriosos pautados por novas descobertas e duros dissabores fruto das tendências sociais e flutuações económicas.  O farmacêutico persiste, modelado pela experiência do ofício e pronto a responder às necessidades do mundo moderno. É especialista do medicamento, está na vanguarda da tecnologia, quer e acima de tudo possui as capacidades teóricas e técnicas para revolucionar o setor.
Após uma rápida e séria consideração a conclusão é inevitável: o valor do farmacêutico, apesar de praticamente impossível de estimar é inquestionavelmente imprescindível. O impacto deste setor na saúde da população é inegável não só em termos de anos de vida ganhos, mas acima de tudo na qualidade dos mesmos. Além disso, e numa perspetiva mais económica, a intervenção do farmacêutico principalmente no que diz respeito à vertente comunitária permite a poupança de recursos em saúde, permitindo mitigar a crescente despesa do setor que, ao longo dos últimos anos, apresenta um valor cada vez mais significativo.
O caminho é de valorização e reconhecimento. A confiança da população tem aumentado na generalidade, sendo as farmácias um dos espaços de saúde de referência aquando da existência de dúvidas ou de problemas menores de saúde, a par do elevado grau de satisfação manifestados por aqueles que recorrem aos seus serviços. No entanto, o setor encontra-se ainda distante da perfeição, prova disso são os 30% dos inquiridos que,  ao inquérito “Um novo modelo de Farmácia” realizado pelo Centro de Estudos e Sondagem de Opinião da Universidade Católica, consideraram necessária a existência de mais serviços nas farmácias.
A jornada aparenta ser dura e longa e, embora o futuro pareça longínquo, o oásis que representa a farmácia e o farmacêutico do futuro torna-se constantemente mais belo e palpável e desvanece enquanto miragem. Desenganem-se aqueles que acreditam que os conhecimentos teóricos e práticos serão suficientes! Muito pelo contrário, já que, apesar da importância das bases científicas nenhum objetivo é concretizado sem luta e acima de tudo sem um elixir impossível de comprar ou fabricar: a Coragem. Mas afinal o que é isto da coragem e qual a sua ligação ao mundo da farmácia e do medicamento?
Coragem é, assim como consta no Dicionário priberam da Língua Portuguesa, “Firmeza de ânimo ante o perigo, os reveses, os sofrimentos. Constância, perseverança“. Procurada durante séculos, invejada por muitos e admirada por outros tantos, a coragem alimenta corações e nações e a falta dela faz cair impérios e leva na corrente oportunidades que não voltam.
Quanto aos farmacêuticos é necessária (ainda mais) coragem de fazer mais e melhor pelo utente, de aconselhar, de ouvir desabafos infindáveis. Perseverança perante as duras críticas que os apontam como homens e mulheres de bata branca que dispensam meras  caixinhas e que discorrem diálogos elaborados no sentido de aumentar a faturação. Acima de tudo, é essencial coragem relativamente ao valor do ofício e firmeza nas afirmações relativas às necessidades do setor.
O povo português, povo caracteristicamente conquistador e corajoso por natureza, necessita de profissionais de saúde que lutem com bravura pelos seus direitos e qualidade de vida, de profissionais que demonstrem que as farmácias, apesar de verem a sua existência dependente em certa medida da faturação, são em primeira instância espaços de saúde.
A corrente é de mudança e, quem melhor que os estudantes do MICF e futuros farmacêuticos para acelerar e dinamizar o processo? Quem mais capacitado que aqueles que vivem num edifício eternamente em obras, que vêem negados múltiplos acessos e por isso fazem quilómetros devido a desvios? Existirá ser com mais perseverança que aquele a que são impostas inúmeras mudanças pautadas pelo desânimo? Eu digo que não! A coragem está em cada um de nós e começa com uma menor resignação relativamente aos golpes que são constantemente desferidos em ambiente académico e culmina com um expoente máximo: a coragem de levar a cabo a glorificação da profissão perante a sociedade e de tornar a farmácia numa segunda casa para todos os portugueses.
Que nunca nos falte coragem para enfrentar as adversidades do dia à dia, independentemente do seu grau de dificuldade. O medo é somente um obstáculo, o receio de não vingar, de que a missão seja inglória. Coragem não é a ausência do medo, mas sim a capacidade de, mesmo na presença deste, prevalecer e seguir em frente. Coragem é a capacidade de florescer mesmo que num ambiente inóspito.

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DANIELA CRUZ

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