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Cérebro de plástico?

   A evolução biológica das espécies e a sua adaptação ao mundo circundante ditou, entre milhares de outras características, uma evolução especial do cérebro do Homem, tornando-o, talvez, a mais arrogante e egocêntrica espécie do nosso Planeta…

   O cérebro de um humano é cerca de seis vezes maior relativamente aos outros mamíferos do seu tamanho, e apesar do tamanho não ser tudo, o mais especial e o que o torna verdadeiramente único é a enorme quantidade de neurónios que contém, um valor que se aproxima aos 100 biliões. Mas porquê?

   Ainda publicado este ano, um estudo liderado por investigadores do LMB (Laboratory of Molecular-Biology in Cambridge, UK) do MRC (Medical Research Council), compara o desenvolvimento cerebral de um humano, de um chimpanzé e de um gorila.

   Nas primeiras etapas do desenvolvimento do cérebro, os neurónios são produzidos por células-tronco. Estas células dividem-se em células-filhas, e quantas mais vezes este processo acontecer, mais neurónios teremos. Nos gorilas e chimpanzés, esta transição tem a duração de cerca de 5 dias. Nos humanos, este tempo é superior (pode chegar aos 7 dias), tendo o cérebro humano, logicamente, (cerca de três vezes) mais neurónios, pois as suas células multiplicam-se mais.

      Claro está, que desta forma, a espécie humana é intelectualmente a espécie mais desenvolvida, no entanto, o cérebro humano tem também as suas limitações e apesar de ser muito especial e peculiar, não é completamente extraordinário.

     Focando-nos agora unicamente no Homem… tal como a impressão digital, o cérebro de cada um de nós humanos é único e singular, sendo moldado à luz de fatores genéticos e das experiências vividas por cada um individualmente. 

    Desta forma, inevitavelmente, o ambiente em que nos inserimos aquando da nossa infância e adolescência terá um impacto muito significativo na forma como o nosso cérebro se desenvolve, naquilo que seremos e nas decisões que tomaremos no futuro. Ainda assim, apesar de tudo isto, estes valores e crenças que adquirimos ao longo desta fase inicial da nossa vida não têm necessariamente de perpetuar a nossa personalidade e forma de pensar, seremos sempre capazes de a moldar naquilo que ambicionamos ser, com mais ou menos esforço. A maior dificuldade de todo este processo deve-se ao facto de usualmente adquirimos a maior parte da informação, nomeadamente enquanto crianças, inconscientemente.

   Com base em tudo isto, é de fácil compreensão que uma infância instável e traumas associados à mesma terão um impacto negativo no indivíduo e na sua vida adulta. A estabilidade emocional, as interações sociais, saúde física e as capacidades cognitivo-linguísticas constituem os principais alicerces para o bem-estar e a modelação do seu cérebro.

Inês Fernandes

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