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À conversa com...

Inês Carvalho

NC: Como surgiu a ideia de te aventurares em Erasmus e porquê na República
Checa? 

Inês: Sempre tive a ideia de ir de Erasmus. A oportunidade de integrar novos projetos
e contactar com outras realidades sempre me fascinou. Sabia que queria ir para o
centro da Europa, mas não sabia para onde em específico. Entretanto uns amigos já
tinham começado a ver os planos de estudos, e acabamos por nos aventurar todos
juntos.


NC: Em termos académicos, quais foram as principais diferenças que sentiste
entre os dois países?

Inês: Tanto o método de ensino como o método de avaliação são bastantes
diferentes. Na República Checa os alunos internacionais ficam numa turma própria, de
modo a que todas as aulas sejam lecionadas exclusivamente em inglês. Isso foi a
maior diferença que senti inicialmente. Em Portugal é raro isso acontecer, os alunos
de Erasmus normalmente ficam integrados nas nossas turmas e acaba por ser mais
difícil para eles. O método de avaliação é bastante exigente: para além dos exames
escritos existem também exames orais, algo que não estávamos habituados.


NC: Enquanto estudante de Erasmus, quais foram as principais dificuldades e
desafios com que te deparaste? 
Inês:
Pessoalmente, a maior dificuldade que senti foi a nível da comunicação. A
cidade onde eu estava não era turística, e as pessoas com mais idade não sabiam
falar inglês. No supermercado, por exemplo, todos os produtos estão em checo (é raro
ter os rótulos em inglês) e as primeiras compras tornaram-se uma tarefa desafiante.
Quando fiz as malas para ir de Erasmus, não sei como, esqueci-me de chinelos para
tomar banho. Então a primeira coisa que fiz quando fomos ao shopping foi tentar
encontrar uns chinelos. Como ninguém falava inglês, andava com uma fotografia de
havaianas no telemóvel a mostrar aos funcionários das lojas.

NC: Como foi o processo de preparação para o Erasmus? Tiveste algum tipo de
ajuda institucional ou preparaste toda a experiência sozinha?
Inês:
O processo de preparação foi bastante simples, apenas tive que apresentar um
plano com as cadeiras que iriam dar equivalências, para poder ter aprovação por parte
da FFUP. Como já tinham ido pessoas de Erasmus para lá, consegui adaptar
facilmente esses planos.

NC: Na  FFUP vive-se muito a ideia de que fazer Erasmus no nosso curso é
extremamente complicado, dada a dificuldade de conciliar planos de estudos
entre as diferentes instituições. Sentiste esta dificuldade ao longo da tua
experiência?
Inês:
Não acho que seja difícil. Acho que é um mito que existe muito, mas que não
passa disso. Existem várias universidades que dão equivalências, é uma questão de
conciliar planos. O que às vezes acontece é que tem que haver mistura de cadeiras de
anos diferentes, mas isso para mim não foi um problema. Se as Unidades Curriculares
tiverem um conteúdo programático semelhante, facilmente são reconhecidas na
FFUP.


NC: Descobriste algum método de ensino ou algum tipo de inovação pedagógica
que não se aplique na FFUP mas que aches que seria vantajoso?
Inês:
O método de ensino é bastante diferente. Uma grande vantagem é que, apesar
de se tornar mais difícil para nós estudar para exames orais, obriga-nos a aprender
bem a matéria e garante que sabemos as coisas. Também nos permite preparar de
outra maneira e despertar algum espírito crítico em relação aquilo que aprendemos.
Um dia mais tarde isso acaba por fazer a diferença.


NC: A nível pessoal, em que medida esta experiência te mudou?
Inês:
O contacto com várias pessoas de diferentes países, com diferentes culturas e
diferentes religiões, intensificou a ideia de que somos todos diferentes e todos iguais
ao mesmo tempo. É realmente incrível a ligação que podemos criar com pessoas que
estão tão “distantes” de nós. Ainda hoje falo com uma grande amiga que mora no
Dubai. Aprendi coisas que nunca conseguiria ter aprendido se me tivesse mantido na
minha casa, na minha zona de conforto. Por outro lado, comecei a valorizar mais o
meu país, e a minha família.


NC: Pensando agora a nível académico e, futuramente profissional, quais
consideras ser as principais competências que adquiriste com esta experiência?
Inês:
Consegui acima de tudo desenvolver a minha capacidade de adaptação e de
comunicação com os outros, algo que é essencial para nós como profissionais de

saúde. Perceber que nem todos temos a mesma facilidade de compreensão e que o
nosso papel é tentar explicar da melhor maneira que conseguimos, mesmo que isso
envolva falar por gestos e por imitação de barulhos.


NC: Que conselhos darias a um estudante que estivesse neste momento a
ponderar ingressar num programa de Erasmus?
Inês:
Não pensem duas vezes. Existem vários apoios por parte da Universidade do
Porto para os estudantes de Erasmus, seja a nível de sessões de esclarecimento, seja
a nível monetário. Erasmus é uma experiência que só vivem uma vez na vida,
aproveitem a oportunidade. Vale sempre a pena, acreditem!

Catarina Moreira, Josué Moutinho

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