Resistência aos antibióticos
Desde 1928, ano em que Alexander Fleming descobriu a penicilina, o primeiro dos antibióticos, que a vida e o contexto da medicina mudaram totalmente. Antigamente, as pessoas morriam aos 30 anos porque desenvolviam infeções por uma queda, por exemplo, e nada havia para curar as mesmas. Atualmente, os antibióticos são amplamente usados seja em profilaxia pós-cirurgia, infeções, cesarianas, diálise, etc.
A verdade é que, hoje, estamos na Era da Resistência aos Antibióticos. Têm sido encontradas ao longo do globo infeções com resistência a todos os antibióticos existentes exceto 1 ou 2, tendo estes últimos vários efeitos adversos. Importante realçar que ninguém está em vantagem: qualquer pessoa, até mesmo aquelas que nunca tomaram um antibiótico na vida, são suscetíveis a estas infeções causadas por bactérias superresistentes.
Quem é o culpado?
É um facto que a resistência é um processo biológico inevitável mas fomos nós,humanos, que o aceleramos. Por exemplo, nos EUA, estima-se que 50% dos antibióticos prescritas nos hospitais são, na verdade, inúteis e 45% das prescrições dos médicos com antibióticos são para doenças cuja causa não é a infeção bacteriana. Estes números são assustadores. E como se o uso excessivo de antibióticos não fosse suficiente, os animais da indústria pecuária também são injetados com os mesmos visando o seu aumento de peso e à proteção contra as condições em que vivem, muitas vezes, degradantes. A resistência dos antibióticos presentes nestes animais passa para nós, através da água, na carne, fruta, etc.
Agora, a grande questão é: como é que podemos solucionar este problema? A descoberta de fármacos cujos estes organismos nunca contactaram é uma necessidade emergente. Podemos exigir à indústria agropecuária para cessar o uso de antibióticos, desenvolver sistemas de vigilância que nos digam onde irá emergir a próxima resistência. Além disso, obviamente, consciencializar as pessoas para a correta toma dos antibióticos e, principalmente, os médicos para a correta tomada de decisão na hora de prescrever ou não um antibiótico.
Este é provavelmente o problema das próximas décadas sendo que um dos maiores desafios é o facto de que para a descoberta de fármacos, sua otimização e formulação tecnológica são precisos 10 anos ou mais e as bactérias demoram muito menos a adquirir resistência a tudo o que lhes atiramos.
