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THE YOUNG POPE

Il Papa Americano

The Young Pope – 1ª temporada — Portugal, novembro de 2016

Lançamento: Itália, 3 de setembro 2016 (Festival Internacional de Cinema de Veneza)
Criador: Paolo Sorrentino
Direção: Paolo Sorrentino
Roteiro: Paolo Sorrentino, Stefano Rulli, Tony Grisoni, Umberto Contarello
Elenco: Jude Law, Diane Keaton, Silvio Orlando, Javier Cámara, Scott Shepherd, Cécile de France, Ludivine Sagnier, Toni Bertorelli, James Cromwell
Duração: 10 episódios (40-60 minutos cada)

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A minissérie italiana, já com continuação, saída da mão de Paolo Sorrentino e coproduzida pela HBO, SKY e o Canal +, tem como ponto de partida a eleição questionável de um novo papa fictício.

Lenny Belardo (Jude Law) é o mais jovem papa de sempre, o primeiro Sumo Pontífice americano, Pio XIII.

Ele fuma cigarros, não prescinde da sua Cherry Coke Zero, calça as suas Havaianas, é severo, contraditório e sonha com o seu discurso à Praça de São Pedro no qual defende a masturbação, o aborto e o casamento gay.

 

«De que nos esquecemos?»

 

    Se inicialmente ele traz aos crentes a esperança de um Vaticano mais moderno, progressista e aberto ao mundo e por parte dos mais velhos cardeais do vaticano, principalmente do Secretário de Estado do Vaticano, Voiello de Sílvio Orlando, representa a força motriz que poderá ser facilmente controlada, na realidade traz consigo um forte conservadorismo, radicalismo e uma astúcia implacável.

Um santo pecador que manipula como ninguém e relembra chorosamente o momento em que foi abandonado pelos seus pais hippies na porta de um orfanato, amplificando a sua dor a tudo e a todos, rejeitando o conselhos da Irmã Mary (Diane Keaton) que o acolhera desde os seus sete anos.

Como tal, decide tornar, tal como ele, todos em órfãos. Faze-los sentir como órfãos porque só assim sofrerão por Deus, tal como ele sofreu pelos seus pais.

E como fazê-lo?

Fazendo uma transformação da Igreja Católica de dentro para fora.

Escondendo a sua figura, fechando a Igreja em si mesma.

 

«Ausência é presença. Estes são os fundamentos do mistério.»

 

O desconhecido sempre provocou curiosidade.

Este papa não tem como objetivo levar a Igreja ao mundo, mas sim causar a necessidade da Igreja no mundo.

Abordando temas como o celibato e pedofilia tão presentes em obras relacionadas, Sorrentino não pretende de todo que estes sejam o cerne. O poder, o vazio existencial, a crise de fé o serão.

Esta série não parte do pressuposto de uma afincada crença que depois se vai desgastando, mas sim das dúvidas, das incertezas do próprio Papa, do possível absurdo da fé.

Não tem como objetivo julgar o Vaticano, mas sim alcançar uma representação próxima da realidade.

Da direção ao elenco, da imagem à banda sonora, da cenografia aos diálogos de aguçada inteligência e comicidade inevitável, tudo faz desta uma série excecional.

Quebra em todos os segmentos as habituais produções envolvendo a Igreja. O que se vê por aí, ora retrata piamente a imaculada visão da Igreja, ora pretende arrasar de raiz essa perceção, focando-se, a título de exemplo, nos escândalos sexuais, como a pedofilia.

Se inicialmente não gostamos dele pela sua arrogância, pela sua presunção ao se denominar um Cristo vivo, avançando com ele percebemos que ele não é assim tão diferente de nós. Vemos refletido neste papa as nossas dúvidas e inseguranças face aos mistérios com que nos deparamos.

Tanto Lenny como as restantes personagens não são figuras intocáveis e mecanizadas; eles jogam basquetebol, bebem, traem, amam, duvidam.

Só sendo assim, só sendo humanos, mesmo que imperfeitos, se aproximam do divino.

 

10/10

 

TRAILER

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Mariana Alves

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